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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Dezembro


Arte: Four Seasons - Luiza Vizoli

Então é natal. Não tem mais desculpa. As lojas já deixaram de estar antecipadas com as suas decorações. A televisão já anuncia com data marcada os especiais de final de ano. As casas já brilham e piscam a noite toda. E o cinema já está dominado pelos filmes cheios de neve. Não tem mais como empurrar, o papai Noel já foi chamado.

O último mês do ano é quase um julgamento da inquisição. Entramos em debate com nossa consciência. Fazemos listas para medir nossa competência. Somamos os segundos do ano para verificar se eles foram bem utilizados durante a nossa vida.

Ninguém escapa do julgamento. Quando somos crianças, já nos avisam: O velinho sabe de tudo, quem não foi bom durante o ano, não ganha presente.

Dezembro é uma rocha nas nossas cabeças. Nos tornamos filósofos da nossa história. Nosso mundo vira uma única pergunta com o objetivo de cutucar nossa insatisfação.

Onde foram parar os últimos onze meses?

Os meus não desapareçam. Estão aqui, atrás dos olhos. Embaixo da pele. Dentro da minha cabeça e da minha barriga. Nas linhas das mãos, e nos traços do rosto.

Nos últimos onze meses eu me somei junto com todas as palavras que escrevi e com todas as conversas que tive. Junto com os treze livros que li.  Com toda poesia que vivi. Com os braços que me envolveram, e com as pessoas que deixei meus braços envolverem.

Ensinei e aprendi. Ajudei, e fui ajudado. Me mudei e mudei a mim mesmo. Vi diversos pores-do-sol. Tomei vários banhos de chuva (alguns intencionais). Caminhei muitos quilômetros. Cantei. Dancei. Tropecei. Bati algumas vezes o dedinho do pé. Chutei calçada. Queimei a língua. Quase me afoguei (duas vezes). Não comi carne. Comemorei os pequenos sucessos. Me revoltei nos pequenos fracassos. Chorei. Dei risada. Corri atrás dos meus sonhos. E respirei.

Não existe aparelho capaz de medir o sucesso de um ano. Nada pode entregar dados exatos, com provas numéricas. Talvez a única maneira de se medir o sucesso da vida, é a felicidade.

Felicidade nunca mente. Entrega o resultado positivo dos últimos 11 meses sempre com um grande sorriso.

Publicado no jornal O Farroupilha em 7 de dezembro de 2012

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