Páginas

sábado, 6 de outubro de 2012

Na pressão

Siesmic Stress - Steven Holder


Estresse não é moda. É estilo de vida. É a saudade que o ser humano sente da vida selvagem. O vício pela adrenalina. A vontade de superar os obstáculos que a rotina enterrou.

O despertador pode até funcionar na hora marcada, mas a manhã não teria graça sem os 15 minutos extras de sono que transformam o banho quente em ducha fria, e o café da manhã nutritivo em café preto sem açúcar. É a preparação que a mente necessita para deixar claro que o conforto ainda tem traços da selva.

Sair para trabalhar é quase uma caçada, O transito é uma corrida pela própria vida, e o trabalho é o predador. Quem ficar para trás é devorado quando chegar.

Estamos sempre deixando para o último minuto. Não é preguiça. Preguiça é fazer logo só para depois relaxar. Gostamos mesmo é de acumular serviço. Gostamos de ver os trabalhos se empilharem, e de como eles são mais eficientes do que cafeína para evitar o sono. Especialmente quando estão perto dos prazos finais. Gostamos da pressão.

Estresse é carência. É usar o telefone celular no meio da rua para dizer que não tem tempo para conversar. É subir num avião, fazer mais de mil quilômetros em 2 horas, e reclamar do atraso de 10 minutos na hora de embarcar. É contar os minutos para sair do trabalho, chegar em casa e reclamar do dia. É contar as horas para sair de casa, chegar ao trabalho e reclamar da família.

O estressado não quer dividir soluções. Quer somar problemas. E quer que outras pessoas sejam solidárias ao seu estresse. O estressado não faz ideia do seu próprio tamanho perante o universo.

Estresse é egocentrismo. É a vontade de parecer importante ao transformar o cotidiano em problema. Estresse é doença sim. Mas provavelmente, a maior causa do estresse não seja o dia a dia, mas na verdade, a falta de um bom abraço apertado.


Cronica publicada no jornal O Farroupilha no dia 05/10/12

Nenhum comentário:

Postar um comentário