Estresse não é moda. É estilo de vida. É a saudade que o ser
humano sente da vida selvagem. O vício pela adrenalina. A vontade de superar os
obstáculos que a rotina enterrou.
O despertador pode até funcionar na hora marcada, mas a
manhã não teria graça sem os 15 minutos extras de sono que transformam o banho
quente em ducha fria, e o café da manhã nutritivo em café preto sem açúcar. É a
preparação que a mente necessita para deixar claro que o conforto ainda tem
traços da selva.
Sair para trabalhar é quase uma caçada, O transito é uma
corrida pela própria vida, e o trabalho é o predador. Quem ficar para trás é devorado
quando chegar.
Estamos sempre deixando para o último minuto. Não é
preguiça. Preguiça é fazer logo só para depois relaxar. Gostamos mesmo é de
acumular serviço. Gostamos de ver os trabalhos se empilharem, e de como eles
são mais eficientes do que cafeína para evitar o sono. Especialmente quando estão
perto dos prazos finais. Gostamos da pressão.
Estresse é carência. É usar o telefone celular no meio da
rua para dizer que não tem tempo para conversar. É subir num avião, fazer mais
de mil quilômetros em 2 horas, e reclamar do atraso de 10 minutos na hora de
embarcar. É contar os minutos para sair do trabalho, chegar em casa e reclamar
do dia. É contar as horas para sair de casa, chegar ao trabalho e reclamar da
família.
O estressado não quer dividir soluções. Quer somar
problemas. E quer que outras pessoas sejam solidárias ao seu estresse. O
estressado não faz ideia do seu próprio tamanho perante o universo.
Estresse é egocentrismo. É a vontade de parecer importante
ao transformar o cotidiano em problema. Estresse é doença sim. Mas
provavelmente, a maior causa do estresse não seja o dia a dia, mas na verdade,
a falta de um bom abraço apertado.
Cronica publicada no jornal O Farroupilha no dia 05/10/12
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