Nagbibinata means a boy growing up - Toti Cerda
Eu comecei a envelhecer cedo. O tempo nunca me deixou
escolha, eu precisei aprender a respirar. E de lá para cá, nunca parei de somar
segundos.
Mal sábia engatinhar e tive que balancear o peso da vida em
cima dos pés. Assumir a responsabilidade de carregar a mim mesmo nos meus
passos pela sala.
Em pouco tempo tinha transformado os resmungos em palavras. As
palavras em perguntas. E as perguntas em respostas. Queria saber de onde vinham
os bebês. Entender as conversas dos adultos e poder rir junto com as piadas
deles.
Eu abandonei o bico, e decidi que não iria mais comer sopa.
Queria morder e mastigar. Eu precisava testar meus dentes novos. Comer comida
de gente grande.
Troquei as fraldas pela cueca. Aprendi a usar o vaso. Comecei
a ler e escrever. Aprendi a jogar vídeo game. E descobri que o Papai Noel era
outra pessoa que nem barba tinha.
O tempo foi passando, e quando eu vi, já estava medindo mais
que a minha avó. Ela sempre foi a régua na família que media o crescimento dos
netos. Passar dela em altura era a nossa conquista. A prova de que já éramos
grandes. Mesmo sendo pequenos.
Eu queria ser grande. Queria ficar acordado no sofá com a
família e não perder o melhor da conversa. Queria decidir a hora de sair.
Queria dirigir e ir para todos os lugares que as pessoas grandes podiam ir.
Eu fazia planos para a minha futura altura. Criava motivos
para atingir a maturidade. Sonhava com o dia em que eu fosse levado a sério do
jeito que só um adulto com cara séria consegue ser.
Agora tenho pêlos, barba, responsabilidades e contas pra
pagar. E sou muito feliz de ser gente grande. Não porque posso dormir a hora
que quiser. Mas porque sou feliz de ser o cara grande que a criança pequena
queria ser.
Ainda sonho. Ainda faço arte. Ainda tenho o mesmo sorriso
maroto e ainda dou risada assistindo desenhos animados.
Se aquele menino que queria salvar o mundo me visse hoje,
ele ia ficar feliz de saber que ainda não desisti de tentar.
Feliz dia das crianças para todos os pequenos. E não se esqueçam de vocês mesmos quando virarem
gente grande.
Crônica publicada no jornal O Farroupilha no dia 11/10/2012
...agora quero ser pai, quero ser avô, quero ser uma boa lembrança, sem nunca esquecer o que fui antes e certamente no começo existiu uma alegre criança!
ResponderExcluirRicardo Balbinotte