A imaginação é tinta. É lápis de cor. São dedos inquietos e
a caneta cheia na frente da folha da realidade.
Ela é capaz de inventar grandes amigos, e transformá-los em
nossos colegas de quarto. É capaz de criar nossos piores monstros, e ainda alugar
o armário ao lado da cama para eles.
Tem gente que acha que imaginação fértil é coisa de criança.
Que ela morre precoce. Assim que a adolescência nasce.
Na verdade a imaginação cresce junto, tira as fraldas e
veste nossa maturidade. Somos eternos subordinados. Reféns dos nossos medos.
Juntamos o “e” com o “se...” e trememos na turbulência da nossa imaginação.
Trememos pensando no futuro resultado da conversa que nunca
tivemos com a menina linda que cruzou nosso olhar na rua. Trememos com as
incertezas das provas e a terrível mania que as questões têm de se reescrever
na pasta do professor.
Trememos com o medo do fracasso. Com o medo da solidão. Com
o medo de se machucar.
Alimentamos os monstros do armário para que eles cresçam e
virem nossas incertezas
Nossa imaginação cria respostas para tudo. Antecipa nossas
idéias. É preconceituosa. Se conecta com a nossa insegurança para sabotar nossos
desejos secretos.
Ela é responsável por todas nossas decisões. Se nos cativa,
é um convite para entrar. Se nos assusta, é um muro. Não podemos parar de lutar
com ela.
O nosso maior dom é também a nossa maior fraqueza.
Somos humanos, e mesmo assim morremos de medo de errar.
Crônica publicada no jornal O Farroupilha em 15/03/13
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