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sexta-feira, 15 de março de 2013

E Se...




A imaginação é tinta. É lápis de cor. São dedos inquietos e a caneta cheia na frente da folha da realidade.

Ela é capaz de inventar grandes amigos, e transformá-los em nossos colegas de quarto. É capaz de criar nossos piores monstros, e ainda alugar o armário ao lado da cama para eles.

Tem gente que acha que imaginação fértil é coisa de criança. Que ela morre precoce. Assim que a adolescência nasce.

Na verdade a imaginação cresce junto, tira as fraldas e veste nossa maturidade. Somos eternos subordinados. Reféns dos nossos medos. Juntamos o “e” com o “se...” e trememos na turbulência da nossa imaginação.

Trememos pensando no futuro resultado da conversa que nunca tivemos com a menina linda que cruzou nosso olhar na rua. Trememos com as incertezas das provas e a terrível mania que as questões têm de se reescrever na pasta do professor.

Trememos com o medo do fracasso. Com o medo da solidão. Com o medo de se machucar.

Alimentamos os monstros do armário para que eles cresçam e virem nossas incertezas

Nossa imaginação cria respostas para tudo. Antecipa nossas idéias. É preconceituosa. Se conecta com a nossa insegurança para sabotar nossos desejos secretos.

Ela é responsável por todas nossas decisões. Se nos cativa, é um convite para entrar. Se nos assusta, é um muro. Não podemos parar de lutar com ela.

O nosso maior dom é também a nossa maior fraqueza.

Somos humanos, e mesmo assim morremos de medo de errar.

Crônica publicada no jornal O Farroupilha em 15/03/13

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