Essa é minha cronica publicada no dia, 8 de junho de 2012 no jornal O Farroupilha.
Paixão crônica
Dar nome aos sentimentos é quase uma consulta médica. É
necessário prestar muita atenção aos sintomas para não errar no diagnóstico.
Tudo começa quando o coração dispara. Logo as palavras se
atropelam. O estomago ganha vida. Os joelhos têm dificuldade de se manter
fixos. E as mãos se perdem, querem tomar o lugar do cérebro, às vezes até suam
para chamar ainda mais a atenção.
São os primeiros sintomas de um sentimento sério. Poucos
conseguem sentir estes sinais e não desenvolver o sentimento que está surgindo.
Após as primeiras manifestações, começa a segunda fase. A
perda de apetite. O olhar distante. A falta de atenção, incluindo perda de
audição. A bobeira repentina. E se o paciente além de tudo, insistir em falar
sempre sobre uma pessoa determinada em qualquer assunto, não tem erro. É
paixão.
A paixão pode até assustar. Especialmente por chegar sempre
nas horas mais inusitadas. Mas não é problema quando diagnostica aos pares. A
paixão recíproca faz bem pro coração. Os apaixonados costumam ver sempre o
melhor lado da vida, e sorrir das coisas mais simples.
Muitos sentimentos se juntam para desenvolver a paixão
recíproca. A alegria, a felicidade, o ciúmes, e a saudades são alguns deles.
Fazem dos apaixonados um só ser. As mãos se procuram. Os lábios se tocam.
Passam horas falando de assuntos que mereceriam apenas alguns minutos de
conversa normal. Apaixonados brigam, mas não agüentam a saudade, logo se
reconciliam.
O problema é quando a paixão é singular. Pode até fazer doer
o coração. Não adianta correr, nem tentar substituir por outra. Paixão só se
cura com o tempo, ela precisa desaparecer aos poucos. A boa notícia é que ela
vai embora geralmente sem deixar marcas.
Se todos os sintomas persistirem então não existe mais
volta. Paixão crônica é amor. E quando é amor, é muito difícil curar, e se
curar, ainda vão ficar seqüelas. Por que nem o tempo consegue tirar todas as
manchas que o amor deixa no coração.
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