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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Inciante


Tento ser ignorante pelo menos uma vez por dia. Experiência de mais tira a graça da vida.

Gosto dos começos, mas não sou chegado a apresentações. Me perco ao me definir. Resumir-se é como propaganda de supermercado, só anuncia as ofertas. Não conta as calorias.

Gosto de decifrar. Descobrir aos poucos, tirar uma peça de roupa de cada vez. Criar um suspense, ter a chance de me decepcionar e a chance de me apaixonar. Não gostaria de ser vidente e descobrir que não há necessidade nem de tentar.

A inocência é o coração aberto. Transforma as mais simples tarefas em rituais. Nada é mais charmoso do que as primeiras vezes. Elas ganham um espaço reservado no arquivo da memória.

Começar é se dar uma chance de medir a vida em centímetros. Explorar o tempo em segundos. Transformar cada sensação do dia a dia na primeira colherada da sobremesa, e poder terminar a refeição da vida com a sensação de estar com a barriga cheia, e com o cinto preso no buraco extra.

Ser iniciante é assumir que o mundo é maior do que si mesmo. É não ter vergonha de levantar a mão e perguntar. Não entender nada e ficar quieto é covardia. É medo de assumir os riscos da vida.

Nunca é tarde para um começo. É só atiçar a curiosidade. Não existe conhecimento suficiente para deixar uma vida monótona. Sempre existe algo a mais. Uma receita para fazer. Um lugar pra visitar. Uma pessoa para conversar. Um livro para ler. É só querer ser um bom aluno, que a vida é uma excelente professora.

Publicado no jornal O Farroupilha em 30 de agosto de 2012

Um comentário:

  1. E o mais bacana é saber reconhecer, quando somos ignorantes naquilo que penssávamos ser expert. E entender como uma chance a mais de aprender e de creascer.

    Ricardo Balbinotte

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