Tento ser
ignorante pelo menos uma vez por dia. Experiência de mais tira a graça da vida.
Gosto dos
começos, mas não sou chegado a apresentações. Me perco ao me definir. Resumir-se
é como propaganda de supermercado, só anuncia as ofertas. Não conta as
calorias.
Gosto de
decifrar. Descobrir aos poucos, tirar uma peça de roupa de cada vez. Criar um
suspense, ter a chance de me decepcionar e a chance de me apaixonar. Não gostaria
de ser vidente e descobrir que não há necessidade nem de tentar.
A
inocência é o coração aberto. Transforma as mais simples tarefas em rituais. Nada
é mais charmoso do que as primeiras vezes. Elas ganham um espaço reservado
no arquivo da memória.
Começar é
se dar uma chance de medir a vida em centímetros. Explorar o tempo em segundos.
Transformar cada sensação do dia a dia na primeira colherada da sobremesa, e
poder terminar a refeição da vida com a sensação de estar com a barriga cheia,
e com o cinto preso no buraco extra.
Ser
iniciante é assumir que o mundo é maior do que si mesmo. É não ter vergonha de
levantar a mão e perguntar. Não entender nada e ficar quieto é covardia. É medo
de assumir os riscos da vida.
Nunca é
tarde para um começo. É só atiçar a curiosidade. Não existe conhecimento
suficiente para deixar uma vida monótona. Sempre existe algo a mais. Uma
receita para fazer. Um lugar pra visitar. Uma pessoa para conversar. Um livro
para ler. É só querer ser um bom aluno, que a vida é uma excelente professora.
Publicado no jornal O Farroupilha em 30 de agosto de 2012
E o mais bacana é saber reconhecer, quando somos ignorantes naquilo que penssávamos ser expert. E entender como uma chance a mais de aprender e de creascer.
ResponderExcluirRicardo Balbinotte